Somos mais de 3.010.000 pessoas residentes no Distrito Federal. O
que mais existe entre nós são diferenças: de gênero, etnia, cor da pele,
crenças, conhecimento, capacidade financeira, características físicas, quadro e acesso à saúde… podemos estabelecer outras tantas diferenciações até o nível atômico e
até no número de partículas que compõem nossos corpos serão diferentes.
Apesar dessas diferenças todas, somos partes de uma comunidade que
compartilha a vida no espaço determinado como a capital da República Federativa
do Brasil. E as diferenças levam à criação de estratos sociais, grupos e
subgrupos de semelhantes – tanto favorecem as disputas quanto as agregações.
No entanto, precisamos observar que, preservados os direitos às
diferenças individuais, nosso código de convivência determina que, em
essência, somos todos iguais, como garantias mínimas comuns a todos, como o
direito à saúde, previsto na Constituição Federal de 1988.
Para universalizar essa garantia, foi instituído o Sistema Único
de Saúde, a exemplo de outros sistemas que existem em outros países do mundo,
como o Reino Unido, a Alemanha, Portugal e outros. Nosso SUS, porém, é maior
que outros sistemas públicos de saúde e cumpre a função de ser um programa que
procura estabelecer maior igualdade de condição de vida entre os cidadãos
brasileiros.
Em paralelo a ele, existe um sistema suplementar, um diferencial
com condicionante econômico que é acessível a 32,5% dos moradores da nossa
cidade. Uma diferença que só é aceitável se o SUS funcionar para os 67,5%
restantes da população.
Eu particularmente, defendo que o SUS tem que ser competitivo com
os planos de saúde para forçá-los a entregar ao usuário tudo aquilo que prometem.
O que infelizmente não vemos: nem o SUS atende a contento, tampouco os planos
de saúde entregam o que foi contratado.
A pandemia da covid-19 deixou claro que é necessário avançar na
universalização do acesso à saúde e, por isso, é preciso aperfeiçoar o SUS. Em
localidades como Ceilândia, por exemplo, a proporção de óbitos decorrentes de
complicações provocadas pelo coronavírus é maior do que no Plano Piloto, onde o
acesso a serviços de saúde (tanto públicos quanto privados) é maior.
Existe outro elemento na nossa organização social que também
produz o efeito de nivelar as diferenças e é fundamental para também fazer
avançar o necessário aperfeiçoamento do sistema de saúde: o voto. O voto iguala
todo cidadão, independente de qualquer outra coisa que nos diferencia.
O voto acontece ali, na solidão da urna, quando cada um
de nós, como eleitor, exerce o seu direito e a sua obrigação de alimentar a
esperança de um futuro melhor para cada um de nós, para cada família e para uma
sociedade mais justa, harmônica e orientada para o desenvolvimento pleno.