Você conhece o Projeto Minha Saúde? Apresentado pelo GDF como uma forma de melhorar o acesso aos serviços médicos, o projeto consiste em unidades móveis de atendimento: carretas. No entanto, ações assim estão bem distantes de serem uma solução real para a saúde pública. Na verdade, ao contrário: são superficiais e disfarçam (até certo ponto) a ausência de investimento contínuo e estruturado no sistema público de saúde do Distrito Federal.
Mutirões e carretas realizam exames e consultas de forma rápida. E só isso, nada mais. Não há acompanhamento de fato. Essas ações falham em criar estruturas sustentáveis para o sistema de saúde. Em vez disso, desviam recursos que poderiam ser mais bem aplicados na construção de unidades permanentes de atendimento, na capacitação e contratação efetiva de profissionais de saúde e na melhoria da gestão dos serviços.
Além disso, o uso político e eleitoral dessas unidades móveis é evidente. Elas são frequentemente utilizadas como uma forma de gerar visibilidade imediata para o governo. Criam uma ilusão de eficiência que não se sustenta no longo prazo. É o que chamamos de manobra populista: desvia a atenção da necessidade de implementar políticas públicas permanentes e criam a fantasia de que há urgência em resolver os problemas da população.
A falta de continuidade é outro problema crítico: o cidadão precisa de acesso constante e permanente à saúde pública. Mutirões e unidades móveis de saúde são iniciativas esporádicas e sem garantia de continuidade. Acontecem de tempos em tempos. O que deixa você, paciente, desamparado quando esses serviços não estão mais disponíveis. O sistema de saúde deve ser planejado com uma visão estratégica, não com ações pontuais que não resolvem os problemas estruturais. Tanto é que, na outra ponta, se você for ao posto de saúde, provavelmente não vai conseguir o acesso que precisa ao SUS-DF.