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Continua o sofrimento. Até quando?

O sofrimento continua

O profissionais de saúde que atuam na rede pública do Distrito Federal se esforçam para dar um atendimento digno aos pacientes. Mas vistorias realizadas pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal e pelo Ministério Público do DF mostram (mais uma vez) que a resolução dos problemas muitas vezes não está nas mãos desses trabalhadores da saúde. Se a gestão não é eficaz, quem está na ponta do atendimento não consegue oferecer a assistência digna a que o paciente tem direito e continua o sofrimento.

Falta segurança, planos de ações não são cumpridos, falta fiscalização no cumprimento de contratos de prestação de serviços, falta política adequada de gestão de recursos humanos, falta informação e comunicação com os pacientes que aguardam exames e cirurgias, faltam equipamentos, insumos e medicamentos, as instalações físicas são insuficientes e a manutenção é ruim.

Esse é o retrato da desorganização administrativa relatado pelas equipes do Tribunal de Contas e do Ministério Público. Em junho, as vistorias do Tribunal de Contas mostraram falta de aparelhos de endoscopia e falta de manutenção para os aparelhos antigos existentes. Em abril, o Ministério Público apontou equipamentos de exames de imagem obsoletos.

Também em abril, foi noticiado o roubo de três aparelhos de duodenoscopia e um de colonoscopia do Hospital de Base do DF, administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF, o IGESDF. Disseram que a privatização feita por meio do Instituto melhoraria a assistência aos pacientes, mas foi lá no Hospital de Base que ocorreu esse roubo e foi lá que a equipe do TCDF encontrou aparelhos de endoscopia parados porque a empresa contratada não está fazendo a manutenção dos equipamentos. Aí a gente se pergunta: que “gestão estratégica” é essa?

Os mesmos problemas que ocorrem nos hospitais administrados diretamente pela Secretaria de Saúde ocorrem nos que são administrados pelo IGESDF. E qualquer tentativa feita pelas equipes de gestão e profissionais de saúde dos hospitais públicos esbarra na desorganização administrativa, na falta de prioridades e de planejamento da Secretaria de Saúde e do IGES.

Médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem improvisam para continuar dando assistência. Muitas vezes, levam equipamentos deles mesmos para atender os pacientes, porque não lhes dão tudo o que necesário. Fazem remendos em equipamentos, macas e cadeiras. A imagem da cadeira com braço de gesso na sala de gesso do Hospital de Sobradinho é uma que vou levar pela vida. Infelizmente, é o tipo de coisa que a gente vê.

Entra governo e sai governo e cada um inventa um plano novo para “revolucionar a saúde do DF, a nossa prioridade”. Só não fazem o básico: organizar, planejar, cumprir o que foi planejado e acompanhar a execução do que a gestão definiu que deve ser feito. Se não fazem isso, o resto não funciona: não contratam médicos, não mantêm os estoques em dia, não fazem a manutenção, deixam profissionais de saúde e pacientes de saúde à deriva.

Quem cuida do doente adoece, porque fica impedido de fazer tudo o que poderia pelo paciente se tivesse os meios necessários.

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