Começou oficialmente a campanha eleitoral de 2022. E, especialmente depois do que enfrentamos nos dois últimos anos, saúde é o tema que mais preocupa o eleitor. Sabendo disso, o que não falta é candidato cheio de propostas para o setor, prometendo revoluções e a soluções mágicas para os problemas que se arrastam há anos. As famosas soluções simples, elegantes e completamente erradas.
De fato, a saúde tem que ser prioridade no debate político e nos projetos de governo. Mas os discursos vazios e oportunistas precisam ser descartados logo de início, para discutirmos o que realmente importa.
Na minha opinião, a Câmara Legislativa devia ter feito as CPIs da Saúde e do IGESDF antes de chegarmos a este momento. Teríamos adiantado uma boa parte das discussões e estaríamos mais focados em discutir propostas para resgatar o sistema público de saúde.
Agora, no entanto, podem escrever, vamos ver nos debates e na propaganda política uma chuva de farpas e cobranças pelos escândalos no IGESDF ainda por esclarecer e as suspeitas de desvio e corrupção tanto na SES-DF quanto no IGES.
Em paralelo, temos uma imensidão de aventureiros, que não conhecem, não têm compromisso nem se importam, com propostas de soluções mágicas, as panaceias, para os problemas existentes na assistência à saúde da população. Uma frase cunhada no século 19 resume bem o que são essas propostas: soluções simples, elegantes e completamente erradas para um problema complexo.
Não há receita simples para resgatar o sistema público de saúde do Distrito Federal. Para sequer opinar no que fazer para o atendimento à saúde da população voltar a ser referência nacional, o candidato devia pelo menos procurar entender como funciona o SUS, a história da criação da rede de unidades de saúde do DF, a organização dos serviços em níveis de complexidade e as medidas adotadas ao longo dos anos que nos trouxeram ao ponto que estamos.
Nada será resolvido se simplesmente jogarmos tudo o que já foi feito para cima. O IGESDF, que foi uma tentativa de privatização da rede pública de saúde, está aí para demonstrar que descartar o SUS não dá certo. As queixas contra as unidades sob a administração do instituto são até mais graves do que as feitas contra os hospitais sob gestão direta do GDF, considerando que a elas são destinados mais recursos. E a essas queixas se acrescentam outras tantas por suspeitas de desvio de recursos, cabide de empregos e outros indícios de corrupção. Foi um retrocesso e não um avanço.
A solução dos problemas do sistema público de saúde do Distrito Federal passa pelo conhecimento da estrutura e do funcionamento dela. Demanda coragem e disposição, porque será trabalhoso fazer os ajustes necessários para corrigir os erros cometidos ao longo dos anos. Sobretudo, requer compromisso dos governantes e gestores com o dever constitucional de garantir o acesso à saúde a todos os brasilienses, sensibilidade para entender e respeitar os anseios da população e dos profissionais de saúde. Tem que mostrar vontade!
Ao eleitor fica a dica: quando aparecerem aqueles candidatos aventureiros com as tais soluções elegantes e tremendamente simples para os problemas complexos com os quais estamos lutando há anos, faça cara de paisagem e escute quem conhece do assunto e tem comprimisso. A saúde é nossa prioridade, então vamos levar o assunto a sério.