Há alguns dias, nos despedimos de um gênio da arte brasileira. Vladimir Carvalho partiu aos 89 anos, deixando um silêncio que ecoa muito além da ausência de sua presença física. Um silêncio inquieto, que reflete o impacto de uma voz que se dedicou a expor as verdades de nosso país, a revelar as nuances do Brasil em filmes que nos fizeram rir, chorar e, acima de tudo, refletir! Eu e Vladimir compartilhávamos não só a origem nordestina (ambos da Paraíba), mas também uma visão de mundo pautada pela coragem e pelo compromisso com a justiça e o povo.
Me lembro de quando ele me apresentou Ariano Suassuna. Era como ver dois gigantes juntos. Aquela experiência, como tantas outras que Vladimir nos proporcionou, me fizeram admirá-lo ainda mais. Aliás, admirá-lo não era apenas uma questão de respeitar sua trajetória, mas de me inspirar com a paixão e a profundidade com que ele via a vida. Ele era mais que um cineasta; era um contador de histórias que tinha como missão dar voz aos que, em outros contextos, seriam esquecidos.
Vladimir foi um dos fundadores do curso de cinema da Universidade de Brasília. Ele formou e inspirou gerações de cineastas. Quando recebeu o título de professor emérito da UnB, em 2012, acredito que tanto a Universidade quanto o GDF estavam fazendo justiça à relevância de seu legado. Mais que um cineasta, Vladimir foi um educador comprometido em usar sua arte como ferramenta de mudanças.
Do lado de cá, fico verdadeiramente honrado ao lembrar que Vladimir não só apoiou minha trajetória política, mas também acreditava nas causas pelas quais luto. Além de tudo isso que já falei acima, tem mais um detalhe: ele foi também um dos meus eleitores mais entusiasmados, com faixas em sua casa na W3 Sul e apoio genuíno ao SUS! E saber que um ícone como ele, um artista que sempre foi tão íntegro em seus valores, estava ao meu lado, me trouxe uma confiança e uma gratidão imensas. Para mim, é a confirmação de que estou no caminho certo, lutando pelos que mais precisam.
Ao me despedir de Vladimir, levo comigo não só a saudade de um grande amigo, mas também a responsabilidade de honrar sua visão de mundo. Que sua voz continue ecoando em nossas lutas. Que seu exemplo inspire novos caminhos. E que seu legado permaneça vivo em cada canto deste país que ele tanto amou e retratou com paixão.
Descanse em paz, Vladimir, meu amigo e conterrâneo.
Obrigado por cada lição, cada história e cada batalha. Obrigado por seu trabalho! Deste plano, fico com a certeza de que, sim, a vida é a arte do encontro. E fecho esta homenagem com uma frase do nosso conterrâneo, a quem fui apresentado por meio de Vladimir, Ariano Suassuna: “A tarefa de viver é dura, mas fascinante.”