“Sem greve, não há qualquer possibilidade de melhoria das condições de trabalho e de vida do empregado”, afirma o advogado Estêvão Mallet. E os médicos do DF chegaram exatamente a este ponto: em que é preciso apelar ao indicativo de greve para que haja melhorias no Sistema Único de Saúde do Distrito Federal (SUS-DF). Por isso, nesta quarta-feira (14), faremos uma Assembleia Geral Extraordinária no SindMédico-DF para decidir quais rumos serão tomados.
É importante deixar claro que a decisão de anunciar o indicativo de greve não foi tomada de forma leviana, mas sim após anos de tentativas frustradas de negociação com o Governo do Distrito Federal (GDF). Quero explicar por que chegamos a esse ponto e o que isso significa tanto para os profissionais de saúde quanto para a população.
Há seis anos, o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) busca incansavelmente a revisão do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS). Esta revisão é essencial não só para recompor o quadro de médicos da Secretaria de Estado de Saúde, mas também para garantir que a carreira médica no serviço público seja atraente e sustentável, o que é bom para todos!
Durante a pandemia, as negociações foram interrompidas pela Lei Complementar 173/20, que proibiu reajustes salariais. Desde 2022, temos tentado retomar as tratativas, mas até agora não recebemos respostas do GDF. A falta de resposta do governo, a crescente defasagem salarial e o evidente desmonte da saúde pública resultaram em uma grave evasão de médicos do quadro de servidores. A Secretaria de Estado de Saúde do DF não consegue contratar novos médicos.
E por que isso afeta a vida de todos os cidadãos? Porque, na ponta do atendimento, há sobrecarga de trabalho para os profissionais que permanecem e, consequentemente, uma queda na qualidade da assistência à saúde. Isso, vale lembrar, em um cenário de caos, em que não há, muitas vezes, o básico nas unidades de saúde, desde postos até hospitais. Então, sim, o indicativo de greve é nossa última opção.
Até aqui, todos os meios possíveis para o estabelecimento de negociações foram ignorados pelo GDF. Queremos continuar cuidando de você, usuário do SUS, com qualidade e dignidade. Por isso, precisamos de condições justas para exercer nossa profissão. A própria Constituição brasileira garante aos trabalhadores uma série de direitos. No entanto, esses direitos básicos têm sido sistematicamente desrespeitados no caso dos médicos do serviço público do DF. A negligência com o SUS-DF é gritante.
Chegamos, então, a este ponto crítico. Precisamos agir para garantir aos médicos do serviço público do DF um trabalho com dignidade, no qual possam oferecer o melhor cuidado possível à população. Peço a compreensão e o apoio de todos nesta luta. Lembrem-se: a batalha é por uma saúde pública de qualidade. E saúde é direito de todos e dever do Estado. Lutamos não só por nossos direitos, mas pelo direito de cada cidadão do Distrito Federal de receber um atendimento médico eficaz.
Juntos, podemos transformar o sistema de saúde do DF, valorizando igualmente os profissionais e os pacientes.