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Falta vontade política para resolver a crise da saúde no DF

Falta vontade política para resolver a crise da saúde no DF

A realização de um médico vem com a recuperação de um paciente. E isso não acontece apenas com o conhecimento e boa vontade dele. É preciso que haja em hospitais, postos de saúde e UPAs condições de trabalho. E, ainda, uma remuneração digna, que faça jus à batalha diária de salvar vidas e aos anos de estudo e empenho. Porém, no Distrito Federal não é o que vem acontecendo.

Na última semana, a imprensa local divulgou que dos 670 médicos aprovados em concurso público de 2022, apenas 243 médicos chegaram a tomar posse. E, segundo a Secretaria de Saúde (SES-DF), até os empossados desistem dos cargos. É verdade? Sim. Mas, o contexto precisa ser entendido. Há anos, o GDF não se empenha em oferecer aos servidores da saúde qualquer condição de trabalho para que queiram permanecer em suas vagas. Afinal de contas, um jornalista não trabalha sem computador e um pedreiro não ergue nada sem cimento.

O mesmo vale para os médicos do SUS-DF. Além de não terem o básico para atender os pacientes, como estrutura, insumos e equipamentos, tampouco têm salários que condizem com a realidade. E, garanto, não faltam condições para melhorar o cenário. Falta vontade política.

Lembro-me que, em 2013, um trabalho de reorganização da gestão da saúde e adoção de uma série de medidas foi feito para melhorar as condições de assistência à população. Também entrou em vigor um novo plano de carreira, cargos e salários dos servidores públicos do Distrito Federal. Alguns colegas deixaram seus empregos no Sarah Kubitscheck para trabalhar na emergência da ortopedia do Hospital de Base do DF.

Atualmente, o DF tem a maior proporção de médico por habitante do Brasil. Para ser mais preciso, algo em torno de 18 mil médicos em atividade no DF. No serviço público, são 5 mil. E dá para mudar essa estatística. Basta querer. Condições para isso existem.

Parece haver um descompasso entre o que o governo vê como prioridade e o que a população deseja. Anunciam-se obras enquanto a assistência à saúde da população míngua. Não que obras não sejam necessárias. Mas, são prioridade acima da saúde, que sofreu um corte orçamentário de R$ 372 milhões em maio? Acredito que não.

Havendo senso real de prioridade governamental, investimentos adequados e aperfeiçoamento na gestão da saúde, não faltarão os médicos para preencher os postos de trabalho na rede pública. Antes de fazer concurso público para a área, é preciso suprir as deficiências de assistência aos pacientes. Isso é gestão pública de verdade.

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