O Brasil inteiro está empolgado com a tenista Bia Haddad, que chegou ao seleto grupo das top 10 tenistas do mundo, até ultrapassando os feitos da legendária Maria Esther Bueno na década de 1960. Ela alcançou, por méritos próprios uma posição no ranqueamento mundial só superada pelo tricampeão de Roland-Garros, Gustavo Kuerten, o Guga. Sobra talento à tenista brasileira, mas falta incentivo ao esporte.
Em um cenário onde faltam incentivos e estrutura para o desenvolvimento do esporte profissional de alto desempenho no Brasil, essa é uma façanha enorme. E, se chegou ao nivel em que está, é uma imensa conquista pessoal e que nos faz avaliar quantos outros expoentes nos esportes poderíamos ter se tívessemos as políticas públicas adequadas.
E não só na área dos esportes. Na área acadêmica e em diversas atividades profissionais a mesma coisa acontece, além da perda de talentos brasileiros para outros países que oferecem maiores vantagens de crescimento, sucesso e melhores condições de vida: a chamada de evasão de talentos e cérebros.
Podemos até mesmo fazer um paralelo disso em relação ao nosso Sistema Único de Saúde. A Estratégia Saúde da Família do nossso SUS se tornou referência para novas práticas assistênciais no Serviço Nacionail de Saúde (NHS, na sigla em Inglês) do Reino Unido. O mesmo NHS foi a referência para a criação do nosso SUS na década de 1980.
No mesmo campo da saúde, recentemente, emissários da Alemenha foram enviados ao Brasil, além de outros países da América Latina, para recrutamento de profissionais de saúde, para garantir a assistência à população daquele país.
Mas, do mesmo jeito que a Bia Haddad não encontra aqui uma política pública que favoreça seu desenvolvimento no esporte, o subfinanciamento e as falhas de gestão não permitem que o SUS atinja a sua plenitude – daí a série de mazelas que vemos diariamente nos noticiários. São necessárias mudanças estruturais e de mentalidade para mudar esse contexto.
Bia Haddad tem superado uma série de lesões e adversidades ao longo de sua carreira até chegar ao ponto em que está, entre as melhores tenistas do mundo – e nos enche de orgulho com isso.
Da mesma forma, ainda que aos trancos e barrancos, o Sistema Único de Saúde brasileiro está também entre as melhores políticas públicas e referências como programa de assistência pública à saúde e de inclusão social do mundo. Tanto Bia Haddad quanto o SUS merecem reconhecimento, valorização e incentivos, para que nos tragam ainda mais motivos de orgulho e alegria.