Juracy Cavalcante vai substituir Mariela Souza, que ficou no lugar de Gislei Morais, o qual assumiu a vaga deixada por Gilberto Occhi, que sucedeu Paulo Ricardo da Silva, antecedido por Sérgio Luiz da Costa, substituto de Francisco Araújo Filho. Não são personagens de um poema de Drummond, é o desfile de gestores de um desastre, uma morte anunciada antes mesmo da criação do Instituto Hospital de Base do DF, que em 2019 virou Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal, o IGESDF.
Em 2017, na Câmara Legislativa e na imprensa, eu já apontava (e tenho repetido ao longo dos anos) que criar o Instituto, na época IHBDF, seria escancarar as portas para a corrupção, para desvios e aumento do gasto de dinheiro público da saúde, que seria um cabide de empregos, que diminuiria o acesso da população à assistência, em especial na assistência de maior complexidade, prestada no Hospital de Base do Distrito Federal, de queda na qualidade da assistência e de fragilização da formação de novos especilialistas nos programas de residência médica. E é o que o noticiário aponta dia após dia.
Desde a sua criação, o Instituto acumula escândalos de suspeitas de contratações irregulares, de compras irregulares, de gastos superfaturados e desvios de toda natureza. Chega-se ao sétimo presidente do IGES, desde 2019, por renúncia ou exoneração, sob acusações de má gestão ou investigados por suspeita de práticas ilícitas.
Desde a criação da primeira versão do Instituto, nunca houve sequer um relatório de gestão ou financeiro apresentado para avaliação do Tribunal de Contas do Distrito Federal nem do Conselho de Saúde do Distrito Federal. Ainda assim, a partir da mudança feita em 2019, o modelo vem sofrendo ampliações. E cada vez com mais escândalos.
O fato é que esse modelo de gestão não funciona e é prejudicial para o cuidado da saúde da população que precisa do SUS no Distrito Federal. O IGESDF é e sempre foi um parasita que consome os recursos da Secretaria de Saúde do DF, fragiliza ainda mais a gestão pública da saúde e dificulta ou impede a fiscalização dos órgãos de controle.
Nos últimos dias, esse tem sido o discurso na tribuna da Câmara Legislativa e na imprensa do Distrito Federal: o IGESDF não funciona, nunca funcionou. A continuidade dele é a crônica de uma morte anunciada.
Por conta do IGESDF, a gestão da saúde está fragmentada e cada vez mais encalacrada num labirinto de confusão. Em vez de dar atendimento e prestar contas dignamente à sociedade, a saúde do DF é objeto de investigações da polícia e do Ministério Público, de processos na Justiça e de apurações no Tribunal de Contas do DF e no Tribunal de Contas da União. A manutenção de um duplo comando na saúde do Distrito Federal é um erro.
A solução para a “série de problemas” que levou à demissão da última presidente do IGESDF é só uma: reconhecer que a criação do IGES foi um erro e devolver a gestão plena da saúde do Distrito Federal ao Estado.