Desde a década de 1970, setores da gestão pública acreditam e agem como se o problema da deficiência na assistência à saúde do brasileiro fosse haver poucos médicos no País. Os governos da época chegaram a investir na abertura de cursos universitários de Medicina para resolver o problema. E assim, a saúde nunca fica bem.
A mesma coisa ocorreu na última década. Em apenas 11 anos, o número de médicos no Brasil passou de 371.788 para 546.575, um aumento de 47%. No DF, de 2011 para cá, o aumento foi de 72%: passamos de 10.300 para 17.722 médicos em atividade.
Nos últimos dias, a imprensa tem comentado os dramas causados aos usuários do serviço público de saúde do DF pela bandeira vermelha nas emergências de hospitais e os problemas no atendimento obstétrico. Os motivos: faltam médicos e estrutura para o atendimento aos pacientes.
Uma situação é falta de leitos, mas o mais grave é haver vagas e elas estarem indisponíveis por falta de pessoal (médicos e outros profissionais) para dar a assistência de que os pacientes precisam. Os recursos humanos existem e estão no mercado – cabe ao Governo do Distrito Federal contratar, fazendo previamente o devido dimensionamento do perfil dos profissionais.
No Hospital Regional de Taguatinga (HRT) há um exemplo bem claro dessa incapacidade demonstrada na gestão da saúde: a produtividade da cirurgia geral está em queda. Motivo? São necessários pelo menos 14 cirurgiões para o serviço funcionar adequadamente e seriam mais para haver ampliação.
O primeiro e mais evidente efeito é a desassistência: o paciente simplesmente fica sem atendimento. Outro quadro, tão sério e dramático quanto o primeiro, é a queda da qualidade do atendimento prestado.
E não é escolha dos médicos, dos enfermeiros e demais profissionais. Eles estão submetidos às condições de trabalho que lhes são dadas: pressionados, sobrecarregados, cansados, com medo de errar por tanta sobrecarga de trabalho e sujeitos à violência que eclode diariamente pela justa insatisfação dos usuários do SUS.
Se o GDF realmente quiser resolver, vai começar melhorando a gestão da saúde desde a fase de concepção e planejamento de ações à mais simples atividade na cadeia de trabalho. No mais, é “fazer feijão com arroz”: contratar pessoal, pagar decentemente, dar condições e meios de trabalharem e respeitar o cidadão que paga impostos para ter a assistência do Estado.
É cada um cumprindo a sua obrigação.
O GDF fará muito pela saúde da população se corrigir os problemas da estrutura que já existe.