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Das articulações políticas ao voto

articulações

Você já pensou sobre o seu voto? Sabe quem quer eleger nestas eleições? Mais do que isso, você sabe se o seu pré-candidato é viável ou de quantos votos ele precisa para se eleger?

Quero aproveitar este espaço para ter uma conversa sincera com você, eleitor.

Quando se fala em política ou eleições, tudo parece mais simples do que de fato é. Por trás dos holofotes, ainda antes das convenções partidárias, que têm ocorrido nas últimas semanas, o fato é que aqueles que pretendem lançar uma candidatura ficam vulneráveis às articulações.

O que quero dizer com isso?

Nem sempre o desejo de uma candidatura/eleição depende apenas de você, eleitor, e do próprio postulante ao cargo. Aliás, quase nunca. Nas eleições proporcionais, como é o caso do Distrito Federal, por exemplo, o buraco é bem mais embaixo.

A Câmara Legislativa tem 24 cadeiras. Para o cargo de deputado distrital, em 2018, o número de candidatos ultrapassou a casa dos 900: uma média de 1700 eleitores por postulante.

A disputa, obviamente, é intensa. Mas, mais do que isso, às vezes, se torna injusta para quem está em busca de votos.  E deixa o eleitor nas mãos da manipulação.

Além de ser tremendamente disputada, há de se levar em consideração o quociente eleitoral. A conta nem sempre sai como o eleitor espera. E tampouco os candidatos.

E, nesse ínterim, outra consideração importante é: candidatar-se não significa ter o apoio do partido ou coligação. Pelo contrário. Às vezes, a batalha é na articulação: meses antes das eleições. E, nesta luta, que é quase uma guerra fria, a força está do lado daqueles que têm mais poder – e não necessariamente apoio.

Ainda no que diz respeito ao quociente eleitoral é importante lembrar que nem sempre os mais votados são os eleitos. Você sabe disso, né? A matemática da política, infelizmente, não é exata. E isso acaba, sim, tornando a decisão de voto do eleitor ainda mais importante.

Em 2018, eu, por exemplo, recebi 13.373 votos: mais votos do que 13 dos 24 deputados eleitos. Isso mesmo: mais do que metade da CLDF. No entanto, foi justamente pelas contas do quociente eleitoral que fiquei de fora da Câmara Legislativa.

Neste ano, há ainda a novidade das federações, que é a união entre os partidos e vai além das eleições, havendo um vínculo jurídico por CNPJ e também estatutário (um novo estatuto é criado para a federação) e com duração de quatro anos. Isso significa, trocando em miúdos, que as siglas funcionam nacionalmente de modo unitário e com um mesmo conjunto de regras.

A questão aqui é: quais regras?

Explico: os candidatos deviam se filiar aos partidos até 2 de abril, conforme as regras. Já  as federações formaram-se depois disso, com prazo até o fim de maio. Ou seja, neste arranjo, os candidatos ficam vendidos às normas de um grupo que só se formou depois da filiação: e os ideais de cada um? E a coerência entre opiniões, como ficam?

Além disso, as federações fazem com que as votações dos partidos sejam somadas. Se os partidos A, B e C formam uma federação, suas votações se somam para atingir X cadeiras no Legislativo. O cálculo é complexo.

O fato é que entre articulações, federações, decisões, disputas de poder e voto, quem mais perde, efetivamente, é o eleitor e o próprio candidato. Pois o que está por trás das discussões partidárias, às vezes, deixa mais sequelas do que a covid-19.

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