Finalmente um profissional da medicina com experiência na gestão assume a Secretaria de Saúde no governo Ibaneis Rocha. Quinta titular a comandar a Pasta desde 2019, a ginecologista Lucilene Maria Florêncio de Queiroz tem sete meses para tentar recuperar o sistema, novamente em uma emergência.
Se, em janeiro de 2019, o GDF achou necessário declarar estado de emergência na saúde pública, é bom que a nova secretária tenha um desfibrilador permanentemente ligado em seu gabinete.
A Dra. Lucilene recebe a missão de manter viva e funcional a saúde pública do DF ao soar o alerta do crescimento dos casos de covid-19. A torcida é para que a cobertura vacinal alcançada até aqui evite que os leitos covid voltem a ser necessários.
Voltando a janeiro de 2019, quando o atual governador assumiu, uma de suas primeiras medidas foi decretar situação de emergência na saúde pública. À época foi noticiado que “o diagnóstico feito pela equipe do chefe do Buriti é de uma situação grave”.
Entre os problemas detectados figuravam o desabastecimento do estoque de medicamentos, materiais e insumos hospitalares; o déficit de pessoal; o fechamento de leitos de UTI, inclusive neonatais. Havia a notificação de 3,4 mil casos suspeitos de dengue.
E como está a situação hoje? Até o final da segunda quinzena de maio, foram notificados 45.804 casos prováveis de dengue. Faltam leitos pediátricos na rede pública, a falta de medicamentos e insumos continua ocorrendo nos hospitais, as filas de cirurgias eletivas estão praticamente paradas, e a falta de profissionais piorou – nunca tantos médicos decidiram deixar o serviço público. E gente que já está na carreira há décadas.
É a segunda vez que um secretário de saúde do atual governo se retira no limiar de um momento crítico da pandemia da covid-19. O primeiro foi Osnei Okumoto, que, em março de 2020, cedeu o cargo a Francisco Araújo, destituído em meio a uma operação policial, por suspeita de corrupção.
Em abril de 2019, a Controladoria-Geral do DF estabeleceu medidas mais rígidas de controle prévio dos gastos da Secretaria de Saúde, que foram afrouxadas em 2021. Também no início do governo, foi determinado que os subsecretários fossem investigados pelo controle interno da SES.
A decisão de colocar a Dra. Lucilene Queiroz como secretária de Saúde foi tardia, mas acertada. No entanto, pouco adianta ter alguém com experiência na função, se esse alguém não tem autonomia ou é obrigado a engolir uma lista de “intocáveis” ocupando cargos comissionados – situação aventada como motivo da última mudança na presidência do IGES-DF.
Não será em sete meses que as mazelas da saúde serão corrigidas. Hoje, o caos do setor no DF é tão grande que é possível até classificar em níveis do pior ao menos pior.
Continua sendo caso de emergência regularizar o abastecimento de medicamentos e insumos e a contratação de profissionais em número suficiente para melhorar a assistência nas unidades públicas de saúde.
São duas ações fundamentais para estancar o êxodo de médicos do serviço público e evitar a peregrinação dos pacientes por unidades de emergência em bandeira vermelha.