Saúde é assunto diretamente conectado a cada aspecto da vida e à atividade humana e podemos encontrar em cada fato, cada situação e ação humana uma conexão. As próprias emoções, como o amor e a felicidade se traduzem em linguagem médica pela produção no organismo de ocitocina, dopamina, serotonina e endorfina, os neurotransmissores da felicidade.
No entanto, a expressão do amor e da felicidade não se resumem exclusivamente à ação desses neurotransmissores. Toda a situação de vida, incluída a cultura, a alimentação e a condição geral de vida de cada ser humano é que definem como se materializam no campo do real.
Os significados da Páscoa, que agora comemoramos, também trazem paralelos com o tema saúde. Na páscoa judaica, que remete à saída do povo hebreu do Egito, o centro de significado são a mudança e a libertação. Na Páscoa Cristã, com foco na Paixão de Cristo, é a esperança, a ressurreição e a transcendência. No nivel das ideias, saúde é base para a mudança, que é um processo constante nas nossas vidas, e para a liberdade do ser humano para atingir seu potencial pleno.
No campo prático, em que as ações humanas determinam os fatos e a formatação da realidade, experimentamos a necessidade de transcender a condição atual de oferta de assistência à saúde para que cada membro de nossa sociedade tenha a condição de atingir seu plento potencial, com melhoria da condição de vida da nossa população.
Da mesma forma que no relato bíblico o povo hebreu, não sem grande esforço,venceu as provações da travessia do Mar Morto e do deserto, precisamos vencer também os desafios postos à plena implementação do SUS e à universalização da oferta de asssitência à saúde com qualidade à população: a má gestão, as más práticas, o mau uso dos recursos, os desvios e fraudes e o baixo investimento, que são verdadeiras pragas que vemos aqui na nossa cidade.
Mas, ainda no campo do real, nesse período de pandemia mais do que nunca, o SUS revelou ser um farol de esperança e luz em meio ao caos e ao medo que o coronavírus nos impôs. E essa mesma esperança é que deve nos levar a agir para corrigir os problemas existentes na prestação de assistência pública à saúde da população, para que possamos transcender a uma condição de vida e a um marco civilizatório mais elevado no Distrito Federal e em todo o Brasil.
Precisamos de uma páscoa da saúde. Cultivo e incentivo a esperança e as ações para atravessarmos o deserto da desassistência atual e alcançarmos a transcendência a uma realidade melhor para nosso povo. É uma luta que vale empreender e uma peregrinação com um destino sagrado. A saúde é sagrada e tem que ser respeitada por cada um de nós, incluídos nossos governantes, a quem não se pode pode ser lenientes, levianos ou coniventes com os desmandos atuais.