Pelo menos oito capitais brasileiras avaliam realizar eventos de carnaval em 2022, depois do “jejum” deste ano e das restrições ao convívio social impostas pela pandemia da covid-19. Há um século atrás, em 1919, logo depois do auge de mortes causadas pela gripe espanhola, o Brasil foi palco de uma das maiores festas populares de todos os tempos: o Carnaval da Ressurreição ou Carnaval da Revanche. Era fevereiro e a doença tinha chegado ao País em setembro de 1918. A onda da doença ainda se estendeu até 1920.
Na atualidade, em quase dois anos do que passou a ser chamado de “o novo normal”, não parece ainda que a festa de Momo de 2022 venha a ser um novo Carnaval da Ressurreição, embora comemoremos a queda continuada de casos graves da covid-19 desde que começou a vacinação – algo que nos deixa mais esperançosos diante do futuro.
O fato é que ansiamos pela retomada do curso normal de nossas vidas, por um “Carnaval da Ressurreição”, por aglomerações humanas calorosas, abraços e festas. E realmente devemos cultivar a esperança, com os pés no chão, mas visando as mudanças positivas no atual estado de coisas. Mais que isso, devemos fazer o que está em nossas mãos para que o pós-novo-normal seja construído.
Os desafios não são poucos: temos que cuidar das feridas emocionais provocadas pelas perdas, cuidar de nossos órfãos, recuperar a economia, gerar empregos, restabelecer a harmonia social e combater a fome. Isso vai exigir trabalho, reflexão, tolerância e bom senso na tomada de decisões factuais e futuras. E cada um de nós vai ter sua quota de contribuição no processo de recuperação.
No campo econômico, o setor produtivo, na sua maioria, se mostra otimista com a retomada plena da atividade – é o que indicam pesquisas do IBGE e da Febraban. Apesar do contexto atual, espera-se queda nos preços da energia elétrica no começo do ano e dos alimentos básicos até meados de 2022, inflação menor e com tendência de queda até 2023. O cenário começa a se abrandar e a se tornar mais propício para a geração de postos de trabalho. Se essas previsões se concretizarem, teremos muito a ser festejado.
Também vai estar nas mãos de cada um de nós definir o futuro político do nosso país, com as eleições gerais. Dizem que o período eleitoral é uma caixinha de surpresa, tal qual os resultados do futebol. Essa pode ser uma frase válida para candidatos, mas não pode se aplicar à experiência que o eleitor deva esperar da atuação dos mandatários que elege. Temos as opções de continuarmos investindo nas divergências e demonização da política, gerando mais polarizações, ou nos envolvemos no processo eleitoral de maneira séria e responsável, analisando propostas e conhecendo a fundo os candidatos.
Enfim, estamos nos encaminhando para o fim de um período duro, difícil e doloroso, com perdas econômicas, afetivas e de vidas. Então podemos olhar para o futuro de forma mais otimista. Isso não quer dizer esperarmos inertes que o universo nos entregue a alegria e a prosperidade prontas, embrulhadas como presente.
Sejamos otimistas com a mentalidade de que, por meio de nossas escolhas, atitudes e ações, podemos moldar uma nova normalidade mais satisfatória em nível individual e coletivo.