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Do IGES-DF à atenção primária: Saúde do DF vive caos

A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada e o centro articulador do acesso dos pacientes ao SUS. Ela funciona como uma base que sustenta todo um ecossistema. Quando a Atenção Primária falha, todo o ciclo de tratamento do usuário fica comprometido. Não precisa ser nenhuma especialista em gestão pública para saber disso. A administração do DF, no entanto, finge que não sabe e deixa a Atenção Primária no limbo dos investimentos em saúde pública.

Segundo denúncias feitas ao SindMédico-DF, faltam, na Atenção Primária do DF, desde EPI’s (eles também atendem pacientes com suspeita de covid-19), até exames básicos para o acompanhamento de gestantes, como urocultura e curva glicêmica. Além disso, vale lembrar das mudanças impostas para o sistema com o programa Converte, implementado em 2017 na gestão Rollemberg, que tirou médicos especialistas das Unidades Básicas de Saúde.

Você, que lê este artigo e é paciente da rede pública, sabe que médicos de especialidades como pediatria, clínica médica e ginecologia e obstetrícia estão entre os que mais fazem falta no dia a dia das unidades de saúde do DF. Ainda assim, em vez de suspender o Converte, o atual governo não apenas continuou como também falha na gestão do que resta da Atenção Primária e investe em um modelo hospitalocêntrico, focando em terceirizações de hospitais e UPA’s. O caminho oposto do que deveria. Porque uma Atenção Primária fortalecida é sinônimo de prevenção.

Há algumas semanas, venho falando do IGES-DF: esse gigante que consome a verba da rede pública de Saúde sem o devido retorno à sociedade. Nesta semana, uma nova denúncia. A Polícia Civil do DF está investigando, por meio da operação Medusa, a suposta atuação de um grupo criminoso que praticava delitos em contratações realizadas pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde. O grupo teria atuado em 2018 com foco na prestação de serviços de radiologia e imagem.

Enquanto isso, toda a rede pública de Saúde do DF padece. E o que seria a solução, a porta de entrada do cidadão, sequer é visto como parte da estratégia: a Atenção Primária. Sem médicos especialistas, com poucos agentes comunitários de Saúde, em um contexto de pandemia, com servidores sendo remanejados para a vacinação, são raros os relatos de pessoas que procuraram suas UBS e conseguiram atendimento.

Também nesta semana, fomos surpreendidos com o anúncio de que o próprio governador Ibaneis Rocha iria assumir a Secretaria de Saúde interinamente. Após Osnei Okumoto abandonar o navio afundando, o gestor do DF afirmou que assumiria a pasta. E o mais curioso: a decisão do governador seria para “ver os problemas de perto”. O mais intrigante aí é que, por mais que a Saúde esteja em caos, o gestor do DF não conhece de perto os problemas daqui. Por onde ele anda?

Horas depois, no entanto, Ibaneis desistiu de assumir a função e nomeou Artur Felipe Siqueira de Brito para o cargo, interinamente. Antes de voltar atrás, contudo, o governador disse que, enquanto estivesse à frente da pasta, o foco seria nos insumos, cirurgias emergenciais, pagamento de fornecedores e cobrança de mais eficiências por parte dos gestores. Será?

Desejo, então, mesmo que interinamente, uma boa gestão a Artur Felipe e sugiro que ele comece a resgatar a Saúde do DF pela extinção do IGES-DF e pelo fim do Converte na Atenção Primária. Isso sim seria promover a saúde da população, focando em prevenção e abrindo mais portas para acesso dos usuários ao SUS-DF. Com o fim do IGES-DF, o dinheiro público voltaria para a Saúde Pública. Sem o Converte, os médicos especialistas voltariam às UBS. Não tem mistério.
Basta querer melhorar e mudar de verdade.

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