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IGES-DF: o parasita ataca outra vez

Quanto você ganha pelo seu serviço? Qual o valor do seu salário? Você considera justo? Dá para pagar as contas com folga e fazer planos para o futuro? A resposta: “você que sabe”. Fiz essas perguntas para dar vazão ao que vem a seguir.

No IGES-DF, do qual falamos na semana passada, o presidente, Gilberto Occhi, ganha um salário de mais de R$ 27 mil. Além disso, o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, criou para ele a chamada “verba de representação” – um benefício na casa dos R$ 6 mil para pagar despesas de previdência, telefonia, internet e até plano de saúde. Um total de R$ 33 mil mensais. O vice-presidente e diretores-executivos também ganharam o auxílio.

E isso é apenas parte de uma situação que corrobora, e muito, para que a saúde pública do DF esteja pedindo socorro. Há uma semana, a CLDF aprovou, às pressas, mais um pacote de socorro ao IGES-DF. Dinheiro público usado para “sanar” o rombo do Instituto.

Uma soma de R$ 107,5 milhões entregue ao IGES-DF, esse mesmo que paga salários exorbitantes, com a desculpa de que o Instituto está com problemas de caixa. No dia da aprovação, estavam presentes no plenário o secretário Osnei Okumoto e o presidente do IGES, Gilberto Occhi.

Quando da sua criação, a promessa era de que o Instituto de Gestão Estratégica (IGES-DF) funcionaria de maneira “independente”. No entanto, hoje, ele depende 100% de verba pública – dinheiro também extraído da Secretaria de Saúde. Tira daqui e tapa o buraco ali. Essa é a ordem.

E tão estranho quanto um navio afundado com os capitães enriquecendo, é a maneira como o PL (pacote de socorro) foi aprovado rapidamente pela CLDF. O texto chegou à Casa em 28 de julho e foi lido em plenário no dia 3 de agosto.
Segundo fontes da Câmara, apesar de não ser o “usual” e muito menos proibido, o fato é que o empréstimo ao IGES-DF não passou pelo ciclo normal de tramitar pelas comissões – como a de Economia, Orçamento e Finanças (CEOF).

Na contramão do aporte financeiro ao IGES-DF, o Hospital do Gama não tem o básico para o atendimento à população. Estive lá e verifiquei que, infelizmente, é necessária a interdição temporária do exercício profissional de médicos no HRG.
Falta de um tudo: profissionais, equipamentos, segurança aos pacientes, insumos, remédios e até a estrutura do prédio pode ser colocada em xeque. O HRG é resultado claro da negligência à saúde pública do DF. Porque a soma de todos esses lamentáveis fatores levou à morte de pessoas que poderiam ter sido tratadas. Mas, não sobreviveram à precarização do sistema.

Essa aprovação, às pressas, de um pacote de socorro ao Instituto nos alerta para o quanto precisamos, diariamente, vigiar as ações do governo. O incremento no salário do presidente do IGES-DF mostra o mesmo. Me pergunto: cadê a CPI do IGES?
Muito se falou sobre a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito e, na prática, nada foi feito. Não saiu do campo das ideias. Com tantas irregularidades, como narrei no artigo passado, por que não interessa aos parlamentares investigar o Instituto? Na verdade, a quem interessa o tal Instituto?

A cortina de fumaça que encobre o IGES-DF prejudica a saúde da população do DF. Se no passado o Hospital de Base já foi referência em atendimento terciário, nem isso o resta mais. Sem falar nos hospitais da SES-DF, que sofrem por não serem a menina dos olhos deste governo.

A falta de coerência entre discurso, propaganda e prática é gritante. Enquanto os rombos no IGES são sanados, sem chegar à ponta (ao cidadão), a saúde pública (outros hospitais da rede) aguarda mais investimentos. O meu medo, diante de tudo isso, é que a máxima se confirme: “sanar para saquear”.

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